Eu sou o tipo de pessoa que não tem muito medo de
caminhar durante a noite, muitos amigos se preocupam e falam comigo para que eu
tenha cuidado, me acham até maluca quando eu acabo caminhando quando o sol já
se pôs. Obviamente que eu não ando nos lugares que não conheço e sei que
qualquer coisa pode acontecer, só pelo fato de eu ser uma mulher, sozinha ou
não, durante a noite em qualquer lugar, seja perto ou longe de casa.
Fico com o pé atrás, receosa, mas não com muito medo.
Meu maior receio é de caminhar, sozinha ou não, longe ou não, independente da
roupa, durante o dia mesmo. “Mas como assim?” Simples, durante o dia, as
avenidas e ruas se tornam mais movimentadas e aumentam os casos de assédio.
Definição de assédio em um dicionário informal: “Hoje
há diversos casos de assédio na mídia, como o assédio moral, sexual,
processual, psicológico. Ambos se tratam basicamente da insistência de alguém
para fazer algo contra a vontade de uma pessoa, de uma teimosia, chegando a
humilhação do outro.”
Não querendo diferir mulher dos homens, fazer de
vítima ou algo assim, mas sim, mulheres sofrem assédio nas ruas muitas vezes
durante uma semana (dependendo da frequência em que ela saia de casa). E esse
assédio ocorre com bêbados, mendigos, frentistas, motoristas, ciclistas (ou
bicicleteiros), vizinhos e assim por diante.
Falando por mim, neste último final de semana eu
sofri cinco assédios. Em dois dias eu sofri cinco assédios. Leram isso? Sim,
isso mesmo e apenas um deles foi durante a noite. Dentre eles, um elogiozinho
berrado na rua, um assobio/assovio acompanhado de um elogio berrado. Mas vou relatar
três casos, os que mais me chamaram a atenção. Lembrando que a roupa não
significa muita coisa, até porque, nesses cinco casos eu não estava de modo
algum, provocante, sensual, sexy, seja lá qual for a impressão dada para esses
casos que podem ser chamados de “motivo”, mas não vou entrar nesse assunto
agora.
Caso um, “simples”. Estava eu, caminhando na rua, em uma avenida, no momento, não muito movimentada. Quando, do outro lado da avenida, no sentido contrário, passa um homem de carro e faz “Psiu” e me manda um beijo, com o corpo debruçado pra fora da janela. E um detalhe interessante de enfatizar neste caso, no banco do passageiro, ao lado do dito cujo, havia uma criança.
Caso dois, intimidador. Em um momento de pressa na
minha caminhada, ao ultrapassar um senhor que estava vendendo doces caseiros
com sua cestinha, este falou comigo perguntando as horas, eu educadamente
respondi, ele me perguntou se eu tinha pressa, e eu, pensando que ele queria me
vender algo e sem mentir disse que sim, mas em seguida ele “simplesmente elogiou”
o cheiro do meu perfume, e subitamente o deixei falando sozinho e segui.
Caso três, humilhante. Novamente em uma avenida, um
homem de carro, do outro lado da avenida e no sentido contrário, abaixou o som
altíssimo do veículo, debruçou o corpo pra fora da janela, quando o sinal abriu
para que ele seguisse ele seguiu em uma velocidade baixa berrando para (contra)
minha pessoa, com seus “elogios” de baixo calão, onde no momento, esta avenida
estava bastante movimentada e isso se passou em frente à um posto de gasolina,
que com toda aquela baixaria, todos os frentistas pararam para observar.
Como reagir a cada caso? Em alguns casos, apenas em
alguns, eu simplesmente dou risada da situação, mas isso não quer dizer que eu
tenha gostado. Até porquê, se eu me irritar toda vez que receber um elogio
berrado na rua, mesmo que tenha sido de forma engraçada, ficarei irritada
muitas vezes durante a semana.
Há mulheres que digam, brincando ou não, que se
alguma passar na frente de uma obra e não receber um elogio se quer, é para se
preocupar. Não que eu me importe com isso, mas elogios para mim são melhores
recebidos de pessoas mais próximas, que eu já tenha contato e não necessariamente
sobre minha beleza ou corpo. Cheguei a escrever tudo isso, por me sentir
impressionada pela frequência que isso tem ocorrido com minha pessoa na rua
durante o dia, pouquíssimos casos ocorrem durante a noite. É de se preocupar,
não só com os ouvidos, mas a segurança.
(Para os leitores frequentes, eu disse que voltaria
a postar mais, mas acabei seguindo uma borboleta e me distraí, este post não é
o que eu disse que já havia escrito, postarei assim que lembrável)