segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Assédio sexual

Eu sou o tipo de pessoa que não tem muito medo de caminhar durante a noite, muitos amigos se preocupam e falam comigo para que eu tenha cuidado, me acham até maluca quando eu acabo caminhando quando o sol já se pôs. Obviamente que eu não ando nos lugares que não conheço e sei que qualquer coisa pode acontecer, só pelo fato de eu ser uma mulher, sozinha ou não, durante a noite em qualquer lugar, seja perto ou longe de casa.

Fico com o pé atrás, receosa, mas não com muito medo. Meu maior receio é de caminhar, sozinha ou não, longe ou não, independente da roupa, durante o dia mesmo. “Mas como assim?” Simples, durante o dia, as avenidas e ruas se tornam mais movimentadas e aumentam os casos de assédio.
Definição de assédio em um dicionário informal: “Hoje há diversos casos de assédio na mídia, como o assédio moral, sexual, processual, psicológico. Ambos se tratam basicamente da insistência de alguém para fazer algo contra a vontade de uma pessoa, de uma teimosia, chegando a humilhação do outro.”

Não querendo diferir mulher dos homens, fazer de vítima ou algo assim, mas sim, mulheres sofrem assédio nas ruas muitas vezes durante uma semana (dependendo da frequência em que ela saia de casa). E esse assédio ocorre com bêbados, mendigos, frentistas, motoristas, ciclistas (ou bicicleteiros), vizinhos e assim por diante.

Falando por mim, neste último final de semana eu sofri cinco assédios. Em dois dias eu sofri cinco assédios. Leram isso? Sim, isso mesmo e apenas um deles foi durante a noite. Dentre eles, um elogiozinho berrado na rua, um assobio/assovio acompanhado de um elogio berrado. Mas vou relatar três casos, os que mais me chamaram a atenção. Lembrando que a roupa não significa muita coisa, até porque, nesses cinco casos eu não estava de modo algum, provocante, sensual, sexy, seja lá qual for a impressão dada para esses casos que podem ser chamados de “motivo”, mas não vou entrar nesse assunto agora.

Caso um, “simples”. Estava eu, caminhando na rua, em uma avenida, no momento, não muito movimentada. Quando, do outro lado da avenida, no sentido contrário, passa um homem de carro e faz “Psiu” e me manda um beijo, com o corpo debruçado pra fora da janela. E um detalhe interessante de enfatizar neste caso, no banco do passageiro, ao lado do dito cujo, havia uma criança.

Caso dois, intimidador. Em um momento de pressa na minha caminhada, ao ultrapassar um senhor que estava vendendo doces caseiros com sua cestinha, este falou comigo perguntando as horas, eu educadamente respondi, ele me perguntou se eu tinha pressa, e eu, pensando que ele queria me vender algo e sem mentir disse que sim, mas em seguida ele “simplesmente elogiou” o cheiro do meu perfume, e subitamente o deixei falando sozinho e segui.


Caso três, humilhante. Novamente em uma avenida, um homem de carro, do outro lado da avenida e no sentido contrário, abaixou o som altíssimo do veículo, debruçou o corpo pra fora da janela, quando o sinal abriu para que ele seguisse ele seguiu em uma velocidade baixa berrando para (contra) minha pessoa, com seus “elogios” de baixo calão, onde no momento, esta avenida estava bastante movimentada e isso se passou em frente à um posto de gasolina, que com toda aquela baixaria, todos os frentistas pararam para observar.

Como reagir a cada caso? Em alguns casos, apenas em alguns, eu simplesmente dou risada da situação, mas isso não quer dizer que eu tenha gostado. Até porquê, se eu me irritar toda vez que receber um elogio berrado na rua, mesmo que tenha sido de forma engraçada, ficarei irritada muitas vezes durante a semana.

Há mulheres que digam, brincando ou não, que se alguma passar na frente de uma obra e não receber um elogio se quer, é para se preocupar. Não que eu me importe com isso, mas elogios para mim são melhores recebidos de pessoas mais próximas, que eu já tenha contato e não necessariamente sobre minha beleza ou corpo. Cheguei a escrever tudo isso, por me sentir impressionada pela frequência que isso tem ocorrido com minha pessoa na rua durante o dia, pouquíssimos casos ocorrem durante a noite. É de se preocupar, não só com os ouvidos, mas a segurança.


(Para os leitores frequentes, eu disse que voltaria a postar mais, mas acabei seguindo uma borboleta e me distraí, este post não é o que eu disse que já havia escrito, postarei assim que lembrável)